Avalie o caminho que você tem percorrido.
Muitas pessoas me procuram compartilhando que não se sentem “realizadas”em sua atuação profissional. Algumas não conseguem entender o motivo, pois trabalham em uma boa empresa, não há grandes problemas em realizar suas atividades diárias mas, mesmo assim, ficam com a sensação de que falta alguma coisa e não conseguem identificar o que é.
Recebi algumas dessas pessoas para refletirmos sobre a jornada que está sendo percorrida por elas pudemos juntas identificar quais valores estão sendo utilizados em suas vivências e quais têm sido desconsiderados em suas rotinas.
Coincidentemente, no mesmo período, conversei com uma amiga muito querida sobre a diferença que percebemos entre talentos e valores.
Disse a ela que entendo talento como aquilo que fazemos sem esforço, como uma habilidade natural. Fazemos bem e gostamos de fazer, quase como um dom. Ex.: ouvir genuinamente, comunicar-se, ter habilidade em solucionar conflitos, habilidades em atividades manuais, etc.
Já os valores, no meu ponto de vista, são nossos princípios e estão ligados à nossa essência. O que é indispensável no dia-a-dia, tudo aquilo que é importante pra gente e que não tem uma relação direta com alguma habilidade pois faz parte do nosso ser. Ex.: honestidade, transparência, ética, etc.
Pelo que tenho vivenciado no dia-a-dia, no ambiente clínico, percebo que quando as pessoas não utilizam seus talentos, conseguem permanecer em uma rotina por um período já que, como seres humanos, conseguimos nos adaptar a novos ambientes e a aprender novas tarefas. Mas veja bem… “por um período”. Desconsiderar os talentos por um tempo mais amplo pode fazer com que você comece a ficar insatisfeito e a não ver sentido em atividades que fazia tão bem anteriormente.
Em relação aos valores, em minha opinião, quando não são considerados em um determinado ambiente, fica realmente insustentável se manter logo de cara. É como se uma força quisesse nos tirar daquele lugar, não vemos sentido e, em alguns casos, chega a ser insuportável permanecer nesta vivência.
Aproveitando um exemplo utilizado pelo Gustavo Tanaka em uma de suas palestras, e adaptando a reflexão para o contexto profissional, queria que você se imaginasse como a peça de um quebra-cabeça.
Pense que toda peça tem uma posição exata para estar, para se encaixar e para permitir que as demais também se encaixem. Então se você estiver no lugar errado nada disso irá acontecer. Quando você não utiliza seus talentos e negligencia seus valores, seja pelo motivo que for, você não se sente integrado naquele quebra-cabeça e fica infeliz.
E como mudar esse “jogo”? Calma… Não precisa pedir demissão.
“Não é o que acontece em sua vida que lhe deixa infeliz e sim a forma com que você reage a partir do que acontece”, ou seja, como você lida com as situações. Então é importante olhar as atividades que você realiza diariamente, e quando algo “pegar” pra você (quando algo te deixar triste ou irritado), avaliar o que realmente está lhe trazendo aquele sentimento.
Qual é seu pensamento quando percebe o incômodo? Como você age quando isso acontece?
Sei que nem sempre é fácil pensar sobre isso, até porque temos uma rotina intensa e pode dar “preguiça” ter que parar para fazer essas avaliações, mas são elas que podem permitir o início de um processo de mudança, permitir que você avalie o que está por trás de cada pensamento e sentimento e com isso, descobrir novas alternativas para lidar com essas situações, respeitando seus valores e incluindo seus talentos na rotina.
Temos inúmeros pensamentos que permeiam nossa mente diariamente, quando não os avaliamos, tendemos a ter as mesmas respostas (os mesmos comportamentos) mas ao parar para avaliar, podemos encontrar maneiras mais saudáveis e assertivas para lidar com os problemas, reencontrando nosso propósito.
Dê um pequeno passo… e quando perceber, já estará longe.
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